As residências geriátricas são museus vivos pelas diferentes espécies que lá se encontram. Não precisamos de adquirir qualquer ingresso para entrar neste mundo maravilhoso, cheio de telas cinematográficas e de capítulos de vida cheios de emoção, vitórias, derrotas, lágrimas e de sorrisos. Espaços interactivos, onde filmes estão em constante exibição, onde as personagens clamam por público que os queiram sentir, ver e escutar. Existem nestes museus animadores que deveriam mudar de nome e designarem-se por ouvidores. Ouvidores porque estas gentes com grande curriculum de vida e de dias vividos, querem sobretudo ser ouvidos, olhados e tocados. Anseiam que alguém páre, que alguém estacione um pouco que seja, junto a si, para que as telas das suas vidas entrem em play outra vez. Quando envelhecer e se morar num sítio que é todos, quero ser olhada, não quero que me entretenham porque sim, quero ser escutada quando me apetecer falar de mim, de quem fui, das pessoas que por mim passaram ou pura e simplesmente do tempo e da qualidade das refeições. Quero continuar a contar como pessoa única, em que cada minuto conta e vale, até à meta final.