Há quem cante para seus males espantar, eu escrevo para me libertar e para os meus males sacudir. As palavras têm para mim alma e o poder terapêutico de me tornarem mais leve. Talvez por isso, escreva para mim mesma, escreva porque me sabe bem dar vida às coisas que sinto, às coisas que vejo, às coisas que anseio. E talvez por isso escreva para mim mesma, e coisas menos agradáveis, que certamente inquietam ou deixam surpreso a quem põe os olhos naquilo que é "meu". Talvez não aparente quem sou realmente, talvez seja um produto que olhando por fora não parece o que é por dentro, daí o conceito de "publicidade enganosa". As pessoas têm de mim a imagem de pessoa doce, que tem comissão com o sorriso e a simpatia, por esbanjá-los "a torto e a direito". E depois quando olham o que cá vai dentro, parece-me que ficam um pouco desiludidas e decepcionadas. Parecem ter dificuldade em suportar as minhas dúvidas, as minhas inseguranças, os meus sentires e a minha procura. Por isso, sou egoísta ao escrever, porque dedico as palavras a mim mesma, porque escrevo porque me faz falta, preciso de o fazer como preciso de me alimentar ou beber. Escrevo porque gosto, deixa-me mais leve, mais confortada e mais serena. É a minha terapia, não penso nos olhos que me vão ler, não penso no que vão pensar, nem penso muito no que escrevo, sai... Penso só em mim e no bem que me proporciona. Mas como as palavras a todos pertencem, partilho o que é meu, porque sei que também vou receber o que é de alguém e um comentário que me irá preencher, acompanhar e fazer reflectir!