Aí vem mais um ano em que se celebra a libertação de um povo que permaneceu tempo demais calado, sentado e esperando. Certo comentador disse hoje sentir que o povo é livre para agir e livre no pensar, mas que continua filho do Estado, esperando que este o salve, que aqueça as suas agruras, que resolva os seus problemas. Não satisfeito ainda disse que o cidadão português é rico em falta de iniciativa, criatividade, predominando a passividade, brotando a dependência e o medo do risco. Parece que este senhor quer dizer que somos livres de voar, mas que temos muito medo das alturas, ou dos ventos que balançam a nossa estabilidade e segurança. Mas meu senhor, partir para ilhas desconhecidas é desafiar o guião da vida e quem o desafia teme, mas deixe-me dizer-lhe que somos um povo que acreditando, luta com garra, com trabalho e perseverança. E ninguém é assim tão livre... livre é o pássaro que canta tranquilamente no seu império azul, sem entidade patronal, morando onde quer e lhe apetece, sem despesas e poiso fixo. Livre é a criança que não espera pelo amanhã, se tem o hoje já junto a si, que acredita que rir a fará ficar com menos rugas, e que o melhor comprimido é achar graça a tudo o que a vida tem, incluindo-se a si também. Mas não desanimem, não dizem que podemos ter uma criança dentro de nós, aliás que todos temos um ser pequeno dentro deste ser crescido que somos, então acho que o truque é puxá-lo para cima mais vezes! Viva a liberdade, viva quem por ela lutou. Estamos gratos.