Uma pessoa que muito estimo disse que o dia dos namorados deveria ser banido do calendário. Neste dia, casais unidos pela flecha do cupido teimam em não esconder que são um só e que aproveitam o dia de São Valentim para dar um pontapé à crise e convidar a cara metade para um belo jantar calmo e romântico num restaurante, que de só e de calmo não tem nada, porque mais casais tiveram a mesma ideia. Esta pessoa que muito estimo fica enervado por este dia, que de Nacional tem pouco, mover tanta gente, mover tantas rosas, mover tantos presentes, mexendo assim a economia e o rol de beijos, abraços e de "gosto muito de ti". Realmente, costuma-se dizer que dias de cupido deveriam ser todos os dias, mas talvez assim, com um "dia 14 de Fevereiro" olhemos verdadeiramente para quem mora a nosso lado. E como andamos distraídos, o dia de São Valentim constitui-se como lembrete, como aqueles que colocamos no telemóvel para que não esqueçamos datas ou acontecimentos importantes. Nós que sofremos da doença de pensar que tudo é certo, que o amanhã virá sempre e que coisas ou pessoas têm lugar cativo. Por isso, este dia lembra-nos que não devemos adormercer na sombra, porque o amanhã se quiserem a Deus pertence mas o presente pertence-nos a nós, e por isso nada melhor que valorizar um bom colo, um bom coração e um bom corpo a corpo, porque se vale a pena, pelo menos por agora, vale a pena dizer "gosto tanto de ti", comprar uma rosa pintada com um beijo que de tímido não tem nada. E quando não há tempo para dizer nada verdadeiramente sentido neste dia do amor, é muito mau sinal, é sinal que a rosa perdeu a cor e que o beijo começou a ser tímido, e talvez para esta gente o dia do amor não devesse existir, ou porque este lhes lembra o quanto se sentem sós ou porque se sentem pesados pela infindade de dias que deram à sua cara metade... resta que tenhamos vontade para mudar e lutar para voltar a sentirmo-nos parte do mundo dos afectos e dos olhares correspondidos que de tímidos não têm nada!