Um nome para o bebé, um pai e uma mãe que planeiam estar juntos para o ver crescer, dar estabilidade, serenidade e muito afecto são pressupostos absolutos. Mas quando as intenções se esquivam e ganham votos de zanga, quando o pai e a mãe viram de costas um para o outro, não querendo já em conjunto vê-lo crescer, esquecem-se verdades imutáveis. "Filhos de pais em guerra" foi o título da grande reportagem da sic, transmitida hoje. Como é possível que pais utilizem os seus filhos para exprimir a zanga que sentem face ao cônjuge que partiu, face a um casamento que se quebrou. Como é possível que pessoas adultas se tornem exímias na arte de mal-dizer do outro progenitor, afastando laços, por proibições, alienando papéis cruciais, fazendo crescer na criança ódios, falsas crenças de que foram esquecidos e abandonados. Como é possível que se sintam bem privando o seu filho da presença do outro que lhe foi, que lhe é importante e que lhe deu vida. Sem dúvida que tal deveria ser crime, é direito da criança estar com as figuras parentais, é direito que não ouça palavras depreciativas da mãe pelo pai ou do pai pela mãe, é direito ver, sentir, usufruir da companhia dos dois. É direito não sentir que trai um progenitor por amar igualmente o outro, que por estar com um não esquece o outro, não o trocando sempre que há uma visita ou sempre que se encontram. Verdadeiras guerras se travam com estilhaços e bombardeamentos que deixam a criança orfã de progenitor vivo. Como disse a Psicóloga Maria Saldanha, a estabilidade não está no dormir sempre na mesma cama, não acham?