Amigos mal de quem os não tem, fazem parte do melhor do mundo. Sei que com eles posso contar, que procuram ter disponibilidade e tempo para mim. E os desabafos sabem tão bem, é tão bom ter ouvidos amigos que não se cansam da sua missão e que me dizem umas boas verdades, se tiver que ser. E vejam como sou felizarda, tenho sete seres extremamente especiais comigo. Com supremacia feminina mas só em número, aí vamos nós rumo a momentos muito aconchegantes, divertidos e únicos. Entre vinho e comida, ficamos também saciados de conversa, risos, momentos cheios de descontracção e de cumplicidade que só irrompem porque se gosta, porque se confia, porque se respeita o outro nas suas maiores e mais pequenas virtudes. Sinto-me à vontade para ser eu, para dizer coisas mais “doidas”, mais descabidas, sem pudor, sem temor de que me avaliem ou que mal de mim pensem, porque sei que não me expulsam da ordem, sou membro cativo no papel dos estatutos e no coração de cada um deles. Obrigada, Tertulianos.
Há quem diga que pão e vinho sobre a mesa acalenta qualquer um, eu acrescento ao duo, a gente que na nossa vida mora, que lhe dá ainda mais sabor e com zero consequências ao nível da saúde. A família de sangue ou aquela que escolhemos para fazer parte dela, falamos dos amigos, são verdadeiras contas aforro. Dão sentido à caminhada terrena, estão lá para o que der e para o que vier. Mais importante ainda, conhecem-nos verdadeiramente, não precisamos de nos tapar, sentimo-nos aceites. Esta gente é aquela, que indo ao centro comercial, nos compra sem esperar por saldos, a pronto pagamento e não pedem talão de garantia, porque não nos querem devolver. E esta segurança é importante, é mesmo o pilar na vida de qualquer um de nós. Há uma canção que diz "vou tratá-la bem antes que saiba os meus segredos e me possa deixar". Com os amigos e gente de sangue, daqueles de peito, não corremos esse risco, sabem os nossos segredos, sabem as nossas imperfeições, mas sabemos que temos sempre um lugarzito cativo na bancada deles. Um viva aos amigos, gente de sangue com pão e vinho sobre a mesa, e isto sim, é verdadeiramente uma casa portuguesa.