Domingo, 10 de Maio de 2009
As residências geriátricas são museus vivos pelas diferentes espécies que lá se encontram. Não precisamos de adquirir qualquer ingresso para entrar neste mundo maravilhoso, cheio de telas cinematográficas e de capítulos de vida cheios de emoção, vitórias, derrotas, lágrimas e de sorrisos. Espaços interactivos, onde filmes estão em constante exibição, onde as personagens clamam por público que os queiram sentir, ver e escutar. Existem nestes museus animadores que deveriam mudar de nome e designarem-se por ouvidores. Ouvidores porque estas gentes com grande curriculum de vida e de dias vividos, querem sobretudo ser ouvidos, olhados e tocados. Anseiam que alguém páre, que alguém estacione um pouco que seja, junto a si, para que as telas das suas vidas entrem em play outra vez. Quando envelhecer e se morar num sítio que é todos, quero ser olhada, não quero que me entretenham porque sim, quero ser escutada quando me apetecer falar de mim, de quem fui, das pessoas que por mim passaram ou pura e simplesmente do tempo e da qualidade das refeições. Quero continuar a contar como pessoa única, em que cada minuto conta e vale, até à meta final.
De
rosafogo a 10 de Maio de 2009 às 23:36
Será que vou ter assim alguém p'ra me escutar?!
Será que haverá uma mão carinhosa, que me fará um só carinho que seja?! Se assim me tiver predestina-
do quero viver muito e agradecer a Deus por me dar essa oportunidade.
Quando já fôr bem velhinha
Muita história vou contar!
Com nostalgia, já se adivinha
E ainda hei-de cantar!
De ideias, serei heroína
Ainda falarei de saudade
Da que tenho de menina!
E do tempo da mocidade.
Um beijinho grande
Este seu texto tocou-me particularmente. Foi uma vida que passou, onde quase tudo o que era importante se perdeu ou se transformou, avolumando a solidão do presente. Assim, o regresso às recordações do passado, onde a vida era plena, é o raio de sol que aquece e ilumina os dias de hoje, escuros e friorentos. Ouvir é muito importante, mas sabendo ouvir, como importante também é, o criar espaços para que o intercâmbio de tais memórias surja espontaneamente.
Um grande e terno beijinho
De serip a 17 de Maio de 2009 às 18:18
residências geriátricas ...
Então agora chamam-se assim os depósitos dos fora de prazo?
Prefiro lar, tem um aspecto sonoro menos agreste, mas também é cada vez mais apenas a sonoridade, porque muitos são autênticos armazéns para arquivos de rara consulta! É bom saber que alguém olha o presente vendo no passado poder ter futuro.
De ANA a 21 de Maio de 2009 às 14:59
- " Uma equipa médica descobriu um novo fármaco para o cancro de..." ou ainda "Estudos revelam a importância dos genes na cura de...", estas são algumas das notícias que todos ouvimos com entusiasmo e expectativa nos media. Isto porque todos queremos viver mais uns aninhos mas nem sempre pensamos no "como " vamos viver e que preço a pagar por mais anos de vida. É tanto assim que a estrutura social não se precaveu para esse facto e as dificuldades estão à vista de todos nós... Por outro lado, os idosos de amanhã também vão ser intelectual e socialmente diferentes dos de hoje embora não saiba dizer se será melhor ou não! Bom o melhor mesmo é - mãos à obra - toca a acautelar a nossa velhice fazendo exercício, comendo saudávelmente e fazer "figas" para que ela chegue de mansinho e de preferência que chegue mesmo!!!!! É sempre um prazer ler-te...
De
rosafogo a 22 de Maio de 2009 às 22:30
Como eu estou de acordo com a ANA, eu também espero que ela chegue de mansinho, mas que chegue mesmo, porque não vejo nada de risonho, nesses tempos que se hão-de de mim avizinhar.
Já tenho saudades suas, beijinho grande
da Natália
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