"Dar faz-me feliz", referiu D.ª Joana. Penso no quanto esta pessoa é especial, dar é para si receber. Penso no quanto preciso de receber para dar, no quanto preciso de afectos para os retribuir, no quanto preciso de sentir que sou importante para o dar a sentir ao outro. Penso que quem dá incessantemente sem esperar receber, é no fundo patologicamente sofrido, não gosta de si, nem necessita verdadeiramente de sentir o afecto do outro, é como se necessitasse de dar para mostrar que existe ou procura reparar ou disfarçar culpas e revoltas. No fundo, dá quem recebe e recebe quem dá, é simples. Ninguém ama sozinho ou faz amizade consigo mesmo. É indiscutível o prazer de partilhar, de dar do nosso tempo em prole de um maior bem-estar do próximo e de presentear alguém especial. Mas partilhamos porque sentimos já o calor da partilha, porque sentimos já o calor da palavra que nos fez serenar e do abraço que nos fez sentir seguros. Dar e receber moram na mesma casa e jamais se divorciam!