Tenho dado férias às palavras mas o bichinho cá está, não muda de casa porque não o deixo. Penso e, isto não tem muito a ver com as férias das palavras, mas quando vejo na televisão séries que retratam a realidade hospitalar e em concreto das urgências, fico completamente invejosa, se me permitem, dos médicos e enfermeiros que em altura de crise balbuciam e pensam rapidamente naquilo que tem que ser feito para salvar aquela vida, tudo isto de forma veloz com voz igualmente veloz. Fico roídinha de ciúme por tamanha competência numa hora de aperto, destreza de raciocínio, as palavras que estão na ponta da língua, a solução que mora na ponta da língua. Era mesmo bom que logo ali na hora tudo me saísse assim, resposta certa, conduta certa, suor e aplausos no final com nota máxima e passagem com distinção. Mas habituei-me, a que se não me sair bem à primeira, limo as arestas. Aprendi a não ficar muito chateada comigo mesma, porque melhor podemos sempre fazer e a fazer é que a gente se entende, como quem diz aprende, ou como quem diz a fazer menos bem. E pronto passo para o amor, deixando aqui um bem haja ao Fernando Pessoa vestido de Alberto Caeiro, que diz que o amor é uma companhia, que com ele os caminhos deixam de ser bravados de forma só, e que mesmo na sua ausência nos sentimos acompanhados. Porque quem ama e é amado não se sente só, nem mesmo a morte consegue separar ou apagar... o amor fica.