Há pouco tempo vi na televisão uma reportagem que me tocou, de tema a paralisia cerebral. Ali foram contadas histórias, vidas bem reais de Ritas com diferentes idades, todas mulheres e todas cheias de força para contrariar uma doença que mina os seus movimentos, que as prende, nalgumas situações, a uma cadeira de rodas. Mas estas Ritas não se deixam prender, lutam, procuram conseguir o que qualquer pessoa sem esta doença quer e ambiciona conseguir. Continuam a sonhar, referem querer chegar à meta, não importando a posição ou o tempo que a demoram a atingir. Os pais das Ritas mais pequenas falaram do morrer do sonho da criança que haviam sonhado e da adaptação diária à doença. A Rita mais velha, casou e teve recentemente duas gémeas, que na reportagem correm mais do que a mãe Rita. Ser mãe foi um sonho, que sempre sentiu ser impossível para os outros e para os seus pais, tal como foi tirar uma licenciatura, obter emprego, contribuir de forma activa para a sociedade. O que é certo é que conseguiu, tornando-se nobel da determinação, da coragem, da ânsia de vencer e de mostrar a si mesma e ao outro de que é capaz, ao seu ritmo, como se no relógio do tempo o número das horas, traduzisse as pequenas e simples vitórias de vida.